Você ainda lembra quem matou Laura Palmer?

Sapatos vermelhos, uma boa xícara de café acompanhada de coloridos donuts e uma bela fatia de blueberry pie. Wow Bob Wow, só quem é mesmo muito fã entende essas referências.

Sucesso na década de 90 e marco inicial do gênero policial em séries televisivas, a terceira temporada da renomada — e por que não icônica? — Twin Peaks tem lançamento previsto para este domingo, 21, no canal americano Showtime, com 18 episódios. Junto com a estreia vem a expectativa dos milhares de fãs mundiais que acompanharam com excitação o desfecho do assassinato de Laura Palmer, em uma cidade onde todos são suspeitos. O seriado teve seu episódio piloto exibido em 8 de abril de 1990.

Entre os apreciadores, montenegrinos como a terapeuta corporal Roberta Griebeler, 35 anos, o músico Willian Ozzy, 28 anos, e o técnico em meio ambiente Frederico Augusto Müller, 46. Para quem está na casa dos 30 anos, impossível não recordar desse nome e de seu enredo exótico, carregado de mistério. Para quem ainda não assistiu, está aí um belo programa para o fim de semana.

“Pensamos que o suspense bizarro atrai mais do que o fato de ser um marco do gênero policial. Tem muito humor também. Drama, surrealismo. Certas cenas são apavorantes. Mais apavorantes do que muitos filmes de terror por aí. As pessoas gostam de sentir medo, gostam do frio na barriga. Cobrimos os olhos diante do monstro, mas sempre damos uma espiadinha para ver como ele é, não é mesmo?”, afirma Roberta.

Dos criadores David Lynch e Mark Frost, a trama se passa na cidade Twin Peaks, onde uma jovem estudante, Laura Palmer, é encontrada morta às margens de um rio. A partir de então, o agente do FBI Dale Cooper empreende uma procura ao assassino entre os moradores da pacata cidadezinha. Juntamente com ele, os aficionados pela série investigaram o caso na sala vermelha do inspetor e obcecaram-se pela história, criando um verdadeiro culto.

“A narrativa é algo arrepiante. Os idealizadores conduziram a série com uma maestria ímpar, tanto que quem assiste não consegue desgrudar os olhos da telinha. E quando acaba o episódio, tua adrenalina está a mil, e aquela vontade de ver o próximo capítulo te toma por inteiro”, descreve Roberta.

Cenário, fotografia, de acordo com os três montenegrinos, são colírio para os olhos. “Logo na abertura já é perceptível estranha beleza. O clima frio, os abetos balançando ao vento, um pássaro solitário que canta pra ninguém, uma usina que solta fumaça em um céu de dúvidas”, destaca Willian.

A história realmente existiu?
Há uma linha muito tênue que separa a ficção da realidade. E é verdade que muitos programas televisivos são criados a partir de fatos e também que a aura em torno da história de Laura chegou a confundir alguns fãs. Porém, segundo Roberta, tudo não passa de fantasia.

Personagens excêntricos, cenários surrealistas; não há como negar que Twin Peaks é pra lá de Cult. Mas, afinal, quem matou Laura Palmer? “Bom, essa pergunta perturba e instiga todos os fãs da série. Tá valendo spoiler? Sabemos, mas não teria graça contar, pois muitas pessoas ainda não assistiram, ou sequer sabem do que se trata. Então vamos deixá-las curiosas”, provoca Roberta.

Na série e no filme, a personagem principal tinha um diário que relatava como eram seus dias. “Crimes como esse acontecem todos os dias, mas o diário, vendido como livro, foi escrito bem depois da série e pela filha de David Lynch, Jen Lynch – acreditem, entramos em contato com ela duas vezes -, com o intuito de desemaranhar o pensamento de quem ficou com dúvidas após a série e o filme. Sobre a possibilidade do diário ser real, era só mais uma daquelas conspirações, mais uma jogada de marketing do que qualquer outra coisa” esclarece Frederico.

Filme e curiosidades
Há ainda um filme sobre a vida de Laura, Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer, de 1993. “Com certeza, o longa prende tanto a atenção quanto a série. Diferentemente da série, ele se passa antes do assassinato, mostrando a vida de Laura Palmer em seus últimos dias. No longa, podemos ver e sentir todos os conflitos e anseios de Laura. Seu relacionamento com a família, amigos e desconhecidos. É uma história muito triste, pois a personagem vivia em uma constante fuga de si e de seus pensamentos, mas sempre em função do mal que a atormentava”, comenta Roberta.

A dica de William, Roberta e Frederico para os que querem adentrar nesse mundo de mistério é que assistam primeiro à série, depois ao filme. “E se não entender por completo, relaxe, pois essa obra – como todas as outras de Lynch – é mais para sentir do que para se entender, e é isso que a torna magnífica”, concluem.

O camaleão do rock David Bowie também teve uma participação no filme e atuaria na terceira temporada, mas infelizmente faleceu em 2016. Atores da série original também retornarão, após 25 anos, nesta temporada. Let’s rock, amigos.

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