Carinhoso, gentil, simpático e romântico, ou independente, desinteressado e “brusco”. Para você, como um homem deve ser? Amanhã é celebrado, no Brasil, o dia daqueles que lembram força e resistência: é o Dia do Homem. A pergunta é: será que a definição do que é ser homem se modifica de uma geração para outra?
Oscar Bessi Filho, capitão da Brigada Miliar, de 46 anos, procura esquecer as imposições culturais e tenta partir de um prisma de igualdade. “Nem sempre consigo. Esse conceito é muito forte e enraizado na gente desde que nascemos. Então penso que um homem, acima de tudo, é ser humano. Ou seja, sentimental e imperfeito”, reforça.
Esposo e pai de três filhos, Bessi afirma que o essencial é ser exemplo, inclusive para mostrar com atitudes que todos são iguais e que ser homem não pode implicar, em hipótese alguma, segundo o capitão, em qualquer situação de prepotência, privilégio ou domínio em relação à mulher. “O pai de família deve ser provedor de caráter e visão de mundo aos seus filhos, assim como a mãe”, enfatiza. “As características evidentes em um homem são ética e vergonha na cara. Um corrupto, por exemplo, eu não considero como tal. Ele é menor que uma mosca varejeira”, aponta Bessi.
Além disso, o capitão revela que ser policial militar exige, em alguns momentos, imposição verbal e, se não resolve, a física. “Mas isso não é só do homem. A mulher também deve estar preparada para essas situações”, sublinha. Com 28 anos e meio de serviço, ele já viu mulher policial que se impõe muito mais que homens. “Mas isso vai da pessoa e do seu preparo à profissão. Nunca perdi para bandido, mas não dou esse crédito a minha masculinidade e, sim, a minha gana policial de linha de frente”.
“Acredito que o ápice da vida de um homem é quando ele se torna pai”, afirma William Souza, 19 anos, estudante. Para ele, um homem de verdade deve ser cordial, zelar pela sua família, seus amigos e deixar o papo de “isso é coisa de menina” para lá. “Menino que brinca de boneca, que pilota fogão será tão homem quanto o barrigudo esticado no sofá gritando pra mulher lhe trazer cerveja”, argumenta. Proteger e participar do desenvolvimento da sua família é um direito e um dever que só um homem de verdade tem a capacidade de alcançar.
Jader Schossler, 30 anos, servidor público, revela que as características de um verdadeiro homem são caráter, honestidade e humildade. “Caráter para saber respeitar o próximo, ser responsável pelos seus atos. Honestidade para evoluir e humildade para saber de onde veio e para onde vai. A partir disso, creio em uma sociedade mais humanitária”, aponta.
Perante Deus, todos são iguais
“Ser homem hoje é ser relacional, atencioso, voluntarioso, solidário e buscar viver o projeto de Deus para a humanidade”, afirma o pároco da Catedral São João Batista, Diego Knecht, de 29 anos. Segundo ele, é importante também levar a sério as questões sociais, étnicas, culturais, de gênero e o cuidado com a saúde. “Um verdadeiro homem deve ser gentil, firme, íntegro, sincero, equilibrado e amoroso. Se todos fossem assim, viveríamos muito melhor”, analisa. Diante de Deus, não há diferenças entre homens e mulheres.
“Cada um deve ter uma personalidade”
Os costumes masculinos se modificaram desde os anos 40. A definição de “homem perfeito” já não é a mesma para eles, tampouco para as mulheres.
Flávio Patrício Vargas, de 76 anos, acredita que não se pode viver somente da modernidade, pois isso fere o “sistema” no qual os homens foram criados. “É errado seguir apenas o que a sociedade impõe. Cada um deve ter uma personalidade definida e seguir aquilo que acha coerente”, reforça o tradicionalista.
Ética, moral e saber se conduzir como uma pessoa humana dentro do trabalho e da família são características que devem estar “impregnadas” no DNA. “É fundamental também respeitar as adversidades e não ter atitudes contrárias a de um homem verdadeiro, como covardia, falsidade e desrespeito“, finaliza Vargas.
Dia do Homem foi criado com vários objetivos
O Dia do Homem, comemorado amanhã no Brasil, também é festejado no exterior, mas em 19 de novembro. Ambas datas foram instituídas na década de 1990. No Brasil, a homenagem foi proposta pela Ordem Nacional dos Escritores.
Tratando-se da saúde do homem, o médico Jerome Teelucksingh propôs à Organização das Nações Unidas (ONU), em 1999, que fosse criado um dia com este objetivo, no início de novembro.
Desde o começo do século 21, muitas campanhas foram realizadas em vários países com o objetivo de conscientizar os homens da importância de cuidarem de seu corpo e de sua saúde. Um dos alvos é o câncer de próstata.
Outro objetivo é a reflexão sobre a igualdade entre os gêneros masculino e feminino. O foco principal dessa proposta é a mudança de comportamento ante a condutas machistas e o radicalismo feminista.