A proposta que surgiu de uma pesquisa da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) perpassou as fronteiras da instituição, ocupando espaços alternativos no município e fora dele. Sob a administração do professor Marcelo Ádams, o projeto “Histórias da cidade por toda a cidade: “causos” e acontecimentos do município de Montenegro recriados na linguagem do teatro” apresenta, em forma de espetáculo, lendas urbanas montenegrinas. Gigante de Pedra e da Toca da Onça, muitos elementos da apresentação foram criados com base na improvisação. Inicialmente, foi o Morro São João que deu o “norte” para a criação do imaginário. O projeto é contemplado pela PROBEX – Programa de Bolsas de Extensão da UERGS.
“Entrei há pouco no espetáculo, mas destaco a questão de aproximar a comunidade da universidade. Mesmo com uma instituição como a Uergs em Montenegro, parece, muitas vezes que a cidade não tem esse conhecimento sobre ela”, destaca Rodrigo Waschburger.
Com início no ano letivo de 2018, a ideia veio, inicialmente, como pesquisa de como fazer teatro em locais alternativos, na rua e em espaços públicos. “Se as pessoas não vêm até o teatro, o teatro vai até as pessoas”, completa o integrante João Pedro Corrêa.
Segundo Tiago Bayarri, esse tipo de espetáculo alcança um público que talvez não tivesse acesso a ele de outras formas. “Pautada numa análise de histórias montenegrinas, a pesquisa para a montagem foi feita em livros, internet e asilos, onde pude conversar com pessoas mais velhas moradoras daqui. Algumas frases integradas na representação são inclusive de algumas dessas pessoas”, explica Tiago.
Com música especial, criada ao longo do espetáculo, paródias de canções já conhecidas vão sendo apresentadas aos espectadores. “Que transita em ritmos como o funk, que é mais popular, e outros estilos como Música Popular Brasileira”, explica Tiago.
Levando a história montenegrina a outros espaços
Com estreia no dia 14 de outubro, na Estação da Cultura, “Histórias da cidade por toda a cidade” já percorreu escolas da região e outros municípios. “A importância de promover o teatro é pelo resgate da memória e do imaginário, do folclore da região. E no teatro também há a possibilidade de variar a linguagem que será apresentada, alcançando diversos públicos”, destaca João
“E é legal ver essa identificação da comunidade em ver suas lendas sendo contadas. E como na do Gigante de Pedra, essa dualidade sobre quem o adormeceu, as fadas ou os índios, rende um debate e intervenção, principalmente nas escolas”, completa Tiago.
Para Rafaela Fischer, o mais gratificante é a troca com o espectador que muitas vezes não tem outras oportunidades de prestigiar espetáculos. Luana Corrêa salienta a integração com as crianças.
“E é uma contação simples de história. E é nisso que está o encantamento, não tem outra pretensão. A beleza está na simplicidade”, pontua Eduardo Fronckowiak.
Em 2019, os jovens pretendem seguir com o projeto, expandindo-o. “Vemos um potencial muito grande nele. Esse é apenas o começo”, conclui Tiago.