Fadas que mordem, minhocas e animais falantes, pedras que mudam de direção para confundir em um labirinto de magia. Uma adolescente que parte em uma aventura mágica para resgatar o irmão pequeno levado pelo rei dos duendes Jareth, interpretado por ninguém mais, ninguém menos, do que o camaleão da música David Bowie. Como não amar essa produção de 1986?
Sucesso no fim da década de 80, o filme idealizado e produzido por Jim Henson, criador de Muppets, arrebata, ainda hoje, corações pueris — assim como o meu. Diversos montenegrinos também cresceram embalados pela trilha sonora formidável do filme e pelas aventuras de Sarah (interpretada por Jennifer Connelly), tentando atravessar o labirinto encantado para resgatar o bebê Toby levado, a seu pedido, pelo rei dos duendes.
Para quem não lembra, ou não conhece o enredo de fantasia, vale a pena reservar umas horas do fim de semana e se surpreender com os personagens fantásticos e com os locais, como o “poço do fedor eterno”, que compõem o imaginário de “Labirinto: A magia do Tempo”. O filme tem um quê de musical, embalado pela talentosa voz do próprio Bowie.
Ane Elis Pereira Martins, 30 anos, não deixou que a essência da obra cinematográfica se perdesse na sua infância. “Eu assisto até hoje. E agora com o YouTube, ainda busco informações sobre o filme”, destaca.
Estudante universitária, Ane explica que começou a assistir à trama ainda aos 7 anos de idade, quando o pai lhe deu duas opções na locação de filmes. “Ele colocou na minha frente o Labirinto e Star Wars. Fui direto com a mão na fita do Labirinto”, recorda.
Admiradora principalmente da aura de magia em que a história foi construída, ela afirma ter passado o apreço pelo enredo aos irmãos mais novos.
Orgulhosa, conta que já fez até os amigos assistirem à ficção ao menos uma vez cada. “O filme labirinto me encantou na infância pela sua magia e personagens peculiares. Longe daquelas figuras bonitas e com uma estética infantil de outros filmes. O Labirinto traz aqueles duendes de uma forma tão real que te envolve no enredo. Na época foram feitos com bonecos reais, sem nada de computação gráfica e essas coisas que usam hoje em dia para as animações. O jeito que foi feito e toda a trama da Sarah buscando seu irmão no centro do labirinto me encantam até hoje.”
Amor à primeira vista
Neste ano, Labirinto completou 31 anos de existência. Patricia Griebeler, publicitária, acompanha desde o nascimento a história de aventura no reino dos duendes e se atrai principalmente pela construção dela, com desafios constantes.
“Lembro que quando vi o filme pela primeira vez, eu quis viver aquela história mágica também, passar por tudo o que a personagem Sarah passou. Claro que com 9 para 10 anos, idade que eu tinha na época, não percebia todas as mensagens bacanas que o filme passa, mas já gostei muito”, salienta.
Entre livro, DVD e disco de vinil da trilha sonora que ainda guarda com muito carinho, Patricia relata que teve seu primeiro contato com o longa-metragem quando ela e o irmão Rodrigo Magrão o assistiram no cinema de Montenegro, provavelmente no início de 1987.
“Até hoje sou apaixonada pelo filme. Acho que eu e toda a minha família. Tenho a trilha em minhas playlists do carro e celular. Sempre que dá saudade, assisto ao filme”, enfatiza.
As produções cinematográficas geralmente são carregadas de mensagens interessantes e reflexões de vida. Com Labirinto não poderia ser diferente. Em um enredo um tanto ousado para época, o produtor Jim traz uma personagem feminina como a heroína de sua própria história, influenciando, talvez assim, inúmeras meninas que cresceram com o exemplo fictício de Sarah.
“Com o passar dos anos fui entendendo as mensagens da história: não devemos pré-julgar as coisas ou as pessoas, pois nem sempre elas são o que parecem ser à primeira vista. A personagem Sarah abriu mão de um mundo perfeito, uma vida de magia e encanto que sempre sonhou, por amor ao seu irmão. Ela foi crescendo e amadurecendo ao longo da trama, dando valor ao que realmente importa. Eu me identifico muito com todos esses aspectos”, destaca.
Patricia comenta que, sem dúvida, passou o seu grande interesse pelo filme também para a irmã, Roberta, e para o sobrinho, João Victor. “Uma história linda e atemporal como essa deve ser sempre compartilhada. Sigo fazendo isso”, reconhece.