A paixão pela Chape é tão grande que o uniforme oficial do clube não é usado apenas em dias de jogos. No domingo em que a reportagem do Ibiá esteve na cidade, a região central parecia saída do estádio, tal a quantidade de camisetas verdes que podiam ser vistas em todos os cantos.
Será com esta força datorcida, que era apaixonada pelo clube e teve o sentimento potencializado depois dos ocorridos em solo colombiano, que o Verdão do Oeste pretende se reerguer. O primeiro desafio foi o amistoso contra o Palmeiras. Atual campeão do Catarinense, a Chape estreia no Estadual contra o Inter, de Lages, na Arena Condá, no domingo.
Para saber a opinião do seu torcedor neste retorno, o Ibiá foi às ruas de Chapecó e questionou como está a expectativa da cidade em torno do renascimento do clube, agora reconhecido internacionalmente.
Marcelo de Oliveira, 27 anos, vendedor – “É um novo time, espero que voltem a jogar bem e representem à altura o clube, que vivia um grande momento dentro das quatro linhas antes da tragédia na Colômbia. É uma dor que ainda dói na cidade, mas só o tempo irá fazer com que a gente consiga superar. Por outro lado, a tristeza da Chape uniu o Brasil, o clube virou o queridinho do país. A imprensa de outros lugares está aqui, com muitos repórteres.”
Kelly Leiria, 24 anos, vendedora – “Entendo de que vai ser muito difícil no começo. Hoje ainda passei no estádio e fico pensando que não são mais os mesmos que estavam lá no ano passado. Dói ainda, ver que no gol não estará mais o Danilo, vai ser dolorido não ver mais aqueles jogadores. Nunca vou esquecer, mas a vida continua, seguirei indo ao estádio. Acredito só em coisas boas, em grandes vitórias e com eles jogando bem.”
Camila Bertollo, 15 anos, estudante – “O que aconteceu naquele dia, lá na Colômbia, ficou na história e marcou o time, mas agora é pensar para a frente. Temos que continuar torcendo com mais força e melhor. Aquele grupo teve o reconhecimento que mereceu, mas a Chape precisa ser cada vez mais forte nos próximos anos. É uma mudança enorme em termos de nomes de jogadores, mas, com o tempo, o clube vai ficar melhor ainda.”
Severino Otowicz, 53 anos, aposentado – “A expectativa é muito boa porque, pelo momento difícil, de reconstrução, está ocorrendo mais rápido que o esperado. São 22 jogadores contratados em pouco tempo. Tem clubes que não conseguem contratar quatro ou cinco para a próxima temporada. Trouxemos jogadores de qualidade, por isso espero um ano bom, ainda que tenha a dor da perda.”
Douglas Grade, 31 anos, bombeiro militar – “A expectativa é que a Chapecoense continue trabalhando sem loucuras, com os pés no chão e dentro do seu orçamento. Estou gostando dos nomes que vieram para o clube e com algumas revelações do futebol e alguns jogadores de Série A, como o Diego Renan, Wellington Paulista, Elias, Zeballos. Não são jogadores badalados, mas espero a permanência na Série A do Brasileirão e o título do Catarinense.”
Max Juliano, 30 anos, motorista carreteiro – “A expectativa é ser campeão de tudo e chegar logo entre os primeiros. Olha, na Copinha, nunca tínhamos passado da 1ª fase e ficamos entre os melhores. Estou aqui há 15 anos na cidade. Sou de Campestre, vi o clube crescer. Quem apoia o clube são os empresários, e é como diz o ditado: é o olho do dono que engorda a vaca. Claro, pela realidade do clube e da cidade não é um recomeço normal.”