Para quem é de fora e chega pela primeira vez em Chapecó, é muito fácil saber que está na terra da Chapecoense. A identificação visual começa desde os primeiros metros de uma das estradas de acesso ao município mais pujante do ponto de vista econômico do Oeste Catarinense. Quem é de lá garante que boa parte da força da economia do Estado vem das indústrias instaladas na cidade. É neste lugar que catarinas, gaúchos e povos de todos os cantos foram se estabelecer em busca de uma vida melhor.
E foi com a força desta gente que a Chape se fez grande. O resultado disso está por todos os cantos. Todo dia é dia de jogo nas ruas de Chapecó, ou é como se fosse. Um desfile de camisas do clube pode ser visto invadindo diferentes paisagens. Crianças, adolescentes, jovens e adultos, do sexo masculino e feminino demonstram com orgulho a paixão pela agremiação esportiva.
A impressão que se tem é que um mar de torcedores pode invadir o concreto da Arena Condá e fazer a casa do clube ficar pequena a qualquer momento. Bastaria uma simples convocação do time para isso ocorrer. A dupla Gre-Nal, que durante um bom tempo mantinha uma tradição irrestrita na cidade, ficou para trás. Camisetas de grifes tradicionais do futebol, como Barcelona, Real Madrid e Bayern, entre outros, raramente são vistas entre os amantes do futebol.
Se antes o time da cidade era o segundo na preferência do povo local, as boas temporadas dos últimos anos, aliadas à tragédia no acidente aéreo na Colômbia, no dia 29 novembro passado, fizeram não só com que o clube assumisse a dianteira como o mais querido entre os torcedores locais, como transformou esta relação. Clube e cidade parecem um só.
E as demonstrações de carinho se estendem para todos os lugares. Uma estação de trabalho com computador, em uma autoescola, é motivo para afixar o adesivo do clube. Na rodoviária, o viajante que desembarca descobre logo ao chegar à principal lancheria do espaço quem manda nesta terra. Em prédios, casas, veículos… não há lugar, enfim, em que uma demonstração de amor não possa ser feita.
O que já ocorria de forma não tão estreita e apaixonante alcançou um patamar dificilmente revertido. Prova disso é que, debaixo das arquibancadas da Arena Condá, funcionam órgãos importantes da prefeitura. É no estádio municipal que estão sediados secretarias de governo e o Procon local.
Só que o desastre aéreo causou um trauma que os torcedores não imaginavam nem nos seus piores pesadelos. A tragédia dizimou clube, torcedores — endinheirados ou não —, e profissionais de imprensa. E fez a Chape mudar de patamar.
Senhores, a Chapecoense não é só mais a representante de uma cidade de pouco mais de 200 mil habitantes encravada no mapa próximo à divisa com o Rio Grande do Sul. O clube ultrapassou os limites de Santa Catarina. Ganhou o Brasil. E o mundo, que passou a conhecer, olhar, respeitar e prestar solidariedade. Olhos de toda a Terra se voltaram para o Oeste Catarinense.
Portanto, a Chape não é mais de Chapecó. Sequer cabe na Arena Condá. O clube trabalha em um audacioso projeto para duplicar a capacidade de seu estádio, saltando dos atuais 20 mil torcedores para 40 mil, em um investimento de R$ 21 milhões. A Chape, ah… a Chape é de todos nós.