Sem recursos para o evento, autoridades buscam apoio nas empresas e secretarias. Nova reunião ocorrerá no dia 29
A possibilidade de suspensão da 15ª Feira do Livro era motivo de muita preocupação até a manhã de ontem, quando, na Câmara de Vereadores, foi garantido que o evento vai ocorrer, de 21 a 25 de novembro. Diretora da Biblioteca Pública Municipal Hélio Alves de Oliveira, Ana Valdeti Martins disse que não trabalha com a hipótese de cancelamento. “Isso não tem a menor condição de acontecer”, enfatiza. Segundo ela, há tempo foi encaminhado um projeto da Feira para Brasília, com a pretensão de obter recursos, mas, há 15 dias, veio a informação de que o governo também não tem dinheiro para custear as atividades.

A reunião de ontem foi solicitada pelos vereadores Talis Ferreira (PR), Josi Paz e Rose Almeida (PSB) que, em unanimidade com os outros sete parlamentares, decidiram unir forças, juntamente com Sesc, Biblioteca, secretaria municipal de Educação (Smec) e Prefeitura para a realização do evento. Estavam previstos R$ 140 mil para pagar a programação, ainda não definida, e a estrutura, o ítem mais caro. “Mas nós não temos esse dinheiro, então a minha sugestão é a de que alguém que tenha contato com um político ‘de peso’ de Brasília consiga alguma verba”, indica Ana Valdeti.
Por outro lado, a vereadora Rose diz que o primeiro passo é saber o valor que a Prefeitura tem destinado ao evento, para depois pedir ajuda às demais entidades. Com pouco mais de três meses para o início das atividades, a aflição é, também, pelo fato de que nem os escritores foram convidados e trabalharam seus livros nas escolas. Esta atividade é denominada como pré-feira. “A feira literária é, na verdade, o encerramento. E precisamos começar a programação logo, pois isso já tinha de estar definido”, ressalta a diretora. “Acabamos de passar de uma administração para outra, mas isso não pode interromper a continuidade dos projetos”, sublinha.
Deisi Walber, representante da secretaria da Fazenda, diz que a responsabilidade financeira deve ser da Smec e que, depois de avaliada a questão nesta pasta, podem ser pensados os próximos passos. No entanto, Rita Carneiro Fleck, secretária de Educação, antecipa que não será fácil conseguir qualquer dinheiro, pois, no momento, muitas secretarias passam por problemas.
Outra sugestão que surgiu foi a de que a Câmara poderia ajudar financeiramente mas, de antemão, Aline Marcadella, servidora do Legislativo, expõe que o orçamento está enxuto e que o valor inicial de R$ 140 mil não está disponível.
Ana Valdeti sustenta a ideia de que a única esperança é Brasília. Todavia, compreende que o tempo hábil para um processo tão demorado gera angústia. A veredora Josi Paz aponta que outra saída é pedir reforços das universidades do município, Unisc e Uergs, e da Associação Comercial, Industrial e de Serviços (ACI). “Todas as possibilidades são válidas porque o tempo de pensar na solução e executá-la é curto”, frisa.
Transferência para a Estação da Cultura reduziria os custos
No debate, surgiu a sugestão de que a Estação da Cultura poderia abrigar a Feira do Livro deste ano, o que reduziria o custo de locação de parte das barracas. Contudo, a gerente do Sesc Magda Azeredo, manifestou-se contra, dizendo que o público do evento seria significativamente menor. “Acredito que só prestigiariam moradores próximos e escolas. A Praça é o melhor lugar por ser local de passagem de todos. Com certeza, a visitação no evento seria dobrada”, assegura. “Não adianta pecarmos na programação para ter estrutura melhor, que é o que carece”, alerta.
Para Magda, mesmo que o evento não aconteça no modelo criado há 15 anos, deve existir, sim, uma atividade alusiva à literatura. “O público espera por isso”, argumenta.
O vereador Talis, ao final do debate, disse que a melhor opção é os apoiadores verem o quanto podem contribuir financeiramente. Uma nova reunião foi marcada para terça-feira, dia 29, por volta das 10h. Nela, serão divulgados os valores que serão disponibilizados pelas entidades e definidos os próximos passos.
Patrono se diz envergonhado
Não é novidade que a falta de recursos para a Feira do Livro aflige muita gente, mas, para o patrono Flávio Patrício Vargas, as expressões corretas são “vergonha” e “tristeza”. Escolhido por ser referência no tradicionalismo, Vargas diz que acompanha o caso como um cão atrás da carroça: de cabeça baixa para ver o resultado. “As autoridades envolvidas devem agir com a consciência, o coração e o dever ético na hora de decidir questões e buscar apoio. A Estação da Cultura é muita bonita e econômica, mas não é onde as pessoas esperam que tudo aconteça”, pondera.
Para Flávio, o que ainda vai falar mais alto será o “poder de decisão” do prefeito em exercício, Carlos Eduardo Müller. “Mas prefiro não me envolver nisso porque acredito que seja de comando das autoridades”, conclui.